Eu e minha esposa tínhamos acabado de nos casar e escolhido uma pequena casa
com um grande quintal nos fundos (o quintal era grande tanto no comprimento
quanto na largura). A casa era bastante aconchegante. Possuía dois quartos e um
deles fizemos de escritório.
Logo após a lua de mel, tínhamos acabado de jantar e fomos para os fundos do
quintal e ficamos ali no degrau da varanda tomando um café e vendo o luar que
por sinal estava lindo demais. Estávamos ali abraçados, rostinho colado como
dois namorados. Quando de repente nós vimos saindo do nada, ao longe, uma mulher
vestida de noiva e atravessando os fundos do quintal. Olhava fixamente para nós,
porém continuou a atravessar o extenso quintal de uma ponta a outra no sentido
da largura. Ela andava quase que em câmara lenta e quase pulando, não sei se por
causa do vestido longo, mas era uma noiva mesmo. Ficamos ali parados olhando
aquela cena surrealista e por um tempo calados. Até que minha esposa disse para
mim .......... aquilo era uma noiva né??? e eu disse que era. E continuamos com
os olhos grudados no quintal para ver se víamos mais alguma coisa. Mas nada
aconteceu.
Sua irmã já havia presenciado anos anteriores e por duas vezes em ocasiões
diferentes fenômenos sobrenaturais, mas ela dizia que a irmã era louca. Mas
agora que havia visto aquela cena, preferiu não comentar nada com a irmã para
não ser encarnada. Portanto mantivemos sigilo daquilo que havíamos presenciado.
Ficamos tendo o costume de após o jantar, irmos para os fundos do quintal e
ficarmos sentados nos degraus da varanda e jogar conversa fora, mas também com
uma grande curiosidade de que víssemos de novo aquela aparição. Mas nada demais
aconteceu durante quase três semanas. Foi quando novamente a noiva apareceu
cruzando o extenso quintal de uma ponta a outra e olhando fixamente para nós
dois e com aquele andar quase que pulando por causa do longo vestido e como se
fosse em câmara lenta, era incrível a cena. Desta vez estava ventando e o véu
ficava se agitando ao vento junto com o resto do vestido e parecia algo meio
fantasma.
Passados mais algumas semanas e como estávamos com insônia, fomos fazer um
lanchinho na cozinha e tomar um café com leite. Trouxemos tudo para varanda e só
havia o barulho dos grilos e nada mais. Quando estávamos acabando o nosso
lanche, novamente ela apareceu com aquele olhar fixo e atravessando o quintal.
Desta vez minha esposa não se conteve e foi correndo atrás dela, mas a medida
que caminhava em direção a noiva ela ia se distanciando mais ainda sumindo
totalmente quase rente ao muro.
A minha esposa sem mais nem menos correu para varanda e foi direto no quartinho
de bagulhos que havia do lado de fora e veio com uma pá e eu disse o que ela
estava fazendo e ela disse para mim que queria tirar aquela prova. Estava com
uma intuição, não sabia dizer porquê. E simplesmente começou a cavar bem ali.
Fiquei olhando aquela cena patética e quando ela estava já chegando à exaustão
disse para ajudá-la e ela não me deu ouvidos (ela era teimosa feito uma mula e
não adiantava tentar dialogar com ela quando ela estava determinada a algo). A
pá bateu em algo e ela ajoelhou rapidamente e começou a cavar com as próprias
mãos. Achei que ela tinha enlouquecido por completo e tirou um pedaço de osso e
logo outro osso e ela disse para eu chamar a polícia. Fiquei embasbacado, mas
foi isso que fiz, dei meia volta e fui correndo para casa e liguei para polícia
e em meia hora mais ou menos eles chegaram.
No dia seguinte, com o dia claro, começaram de verdade as escavações e com mais
cuidado. Com peritos e profissionais da área. Constataram que tratava-se de um
esqueleto de uma mulher que havia morrido ali e pelas características e até
mesmo ao analisar o osso da bacia, eles disseram que era o esqueleto de uma
mulher porque a mulher possui uma bacia mais larga que a do homem e pela
estimativa do estado dos ossos, coloração, tecido que estava vestindo, tipo de
terreno (porque tem terrenos que facilitam mais rapidamente a decomposição do
corpo, etc...), eles calcularam que já devia estar ali há cerca de no mínimo 10
a 15 anos.
Depois disso os investigadores foram descobrir que ali morou um casal que na
noite de núpcias o marido deu queixa na polícia, comunicando o desaparecimento
da mulher e dizendo que a mulher possuía um amante e que ele estava muito
preocupado com a mulher porque não sabia para onde ela havia ido, só sabia que
logo após uma violenta briga ela saiu porta fora e pegou carona com o amante que
parecia violento. Mas que estava preocupado com seu desaparecimento.
Após isso, outras famílias vieram morar na casa até o dia que nós, recém
casados, fomos morar na mesma casa em que houve o ocorrido. Porém a polícia não
conseguiu saber maiores detalhes porque o cara já havia morrido e não tinha nem
como saber o que tinha realmente ocorrido, porém, diante desta louca historia,
ficou deduzido que na verdade, na noite de núpcias os dois tiveram realmente uma
discussão e o cara acabou matando acidentalmente a noiva e desesperado
enterrou-a no imenso quintal e deu queixa na polícia para despistar. E todos
acreditaram na história porque segundo a família da noiva, os dois sempre
discutiam e realmente ela tinha um amante e ela ameaçava deixar ele, mesmo
quando os dois namoravam.
Anos depois conseguimos localizar uma família que também morou lá por alguns
meses e que viu a mesma cena da noiva, mas que não chegaram a conclusão nenhuma.
No mínimo ela queria avisar onde estava enterrada e para que seu espírito
tivesse um pouco mais de paz e fosse enterrado em um terreno santo. Talvez tenha
se identificado com minha esposa porque éramos recém-casados.
Obs: Hoje ela não chama mais de louca sua irmã.
Tarcísio & Elenita - Rio de Janeiro - RJ